Páginas

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Intervenção do Presidente do Governo Regional na inauguração da Furna do Enxofre da Ilha Graciosa



Texto integral da intervenção do Presidente do Governo, Carlos César, proferida hoje, em Santa Cruz da Graciosa, na cerimónia de inauguração do Centro de Visitantes da Furna do Enxofre:

“A inauguração a que estamos a proceder assinala a concretização de um importante investimento que referencia a ilha Graciosa no plano regional e nacional, e até mesmo no plano internacional.

A Furna do Enxofre foi, justamente, um dos lugares seleccionados para a votação final das “Sete Maravilhas de Portugal”, entre centenas de outras candidaturas, pela sua beleza e peculiaridade. Estamos perante um ambiente único e um sítio que reúne valores que o tornam especial no contexto da geologia do Atlântico.

A sua valorização e bom uso ganham nova dimensão com esta obra do Centro de Visitantes, cujo arrojo construtivo e cuja qualidade estão à vista, e que implicou um investimento do Governo Regional de perto de setecentos mil euros.

Não podia ser, aliás, de outro modo. A ilha Graciosa, sendo uma das Reservas da Biosfera dos Açores – um exigente título atribuído pela UNESCO – convoca-nos para uma atenção constante às implicações atinentes à salvaguarda da qualidade ambiental, ao estrito respeito pelos valores da geodiversidade, da biodiversidade e ao equilíbrio paisagístico e estético que também quisemos acautelar neste pequeno e sensível cenário natural.

Fica construída e capacitada uma estrutura que, a partir de hoje, dará aos visitantes informações sobre o vulcanismo na Graciosa. Quem aqui chega tem acesso a um edifício concebido especificamente para a explicação do fenómeno vulcânico, com uma esclarecedora exposição e o recurso às tecnologias multimédia para descobrir a Furna do Enxofre e a Caldeira, bem como a Graciosa e os Açores em geral.

É mais um ponto de atracção que concitará a atracção não só dos turistas como, inclusivamente, de muitos interessados no vulcanismo e na espeleologia.

Por outro lado, é desde agora possível visitar a Furna do Enxofre sem descer ao seu interior, podendo aqui obter-se indicações remotas sobre as condições do aparelho vulcânico que, em certas ocasiões, limitam a sua visitação in loco. A concentração, por vezes excessiva, de dióxido e de monóxido de carbono, inimigos do sucesso turístico deste local, são agora esbatidos com a existência deste novo espaço que adopta igualmente essa função alternativa.

Decorrendo o Ano Internacional da Biodiversidade em 2010, e reportando-nos hoje à ilha Graciosa, não poderia deixar de destacar o recente reconhecimento internacional, como espécie endémica, da população de painho-das-tempestades do Ilhéu da Praia. Este reconhecimento culmina um importante legado científico que o doutor Luís Monteiro, investigador prematuramente desaparecido da Universidade dos Açores, nos deixou. O agora painho-de-Monteiro é uma prova da competência da investigação feita nos Açores, acarretando, porém, uma nova responsabilidade de gestão. Esta ave junta-se à lista das 450 espécies que apenas podem ser vistas, no seu contexto natural, por quem visitar o arquipélago dos Açores. Para além do óbvio valor deste tipo de investigação e gestão para a conservação da biodiversidade açoriana, é importante que todos tenhamos consciência que é do somatório de todas estas circunstâncias estruturantes que se constrói a imagem e a realidade de uma região apropriada ao desenvolvimento de modalidades de recepção turística como a reportada aos fluxos que apreciam a natureza protegida. A Graciosa insere-se, desse modo, nessa oferta, e qualifica-se progressivamente.

Outro exemplo dessa salvaguarda é a preocupação e o investimento do Governo na gestão de resíduos que temos em execução na Graciosa, integrado no respectivo plano regional, prevendo-se que o Centro de Resíduos desta ilha – um investimento de seis milhões de euros – fique concluído no final do corrente ano. Resíduos recicláveis ou indiferenciados partirão da Graciosa, para destinos que justifiquem a sua reciclagem ou valorização, e os orgânicos serão transformados em composto utilizável para fins agrícolas e outros. Numa acção destinada a que esta transição ocorra adequadamente, o Governo está a preparar, em cooperação com a Câmara Municipal, uma grande campanha para alteração de comportamentos individuais em matéria de selecção de resíduos.

O problema dos resíduos é, certamente, um dos maiores desafios ambientais das nossas ilhas, competindo-nos por termo às lixeiras e aterros sanitários com graves problemas de funcionamento e introduzir um sistema moderno e sustentado de gestão à escala regional. Assumimos este desígnio como um dos mais relevantes da acção do Governo neste seu mandato, e estamos neste momento a trabalhar quer nos investimentos em algumas ilhas semelhantes ao que aqui se está a fazer, quer nos aspectos relativos ao tratamento final e, ainda, na garantia do financiamento dos investimentos iniciais necessários e da sua gestão e manutenção futuras. Essa é uma das orientações de estabelecimento de prioridades que já transmiti à Secretaria Regional do Ambiente e do Mar.

Aqui, junto à maior cúpula vulcânica da Europa, celebramos a conclusão com sucesso de mais um investimento que valoriza o nosso património natural. Estamos, pois, todos de parabéns: os graciosenses pelo bem que possuem, os Açores pela referência que valorizam e o Governo pela realização desta obra.

Obrigado.”


GaCS/CT

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo vosso comentário