Texto integral da intervenção do Presidente do Governo, Carlos César, proferida hoje, em Santa Cruz da Graciosa, na cerimónia de inauguração do Centro de Visitantes da Furna do Enxofre:
“A inauguração a que estamos a proceder assinala a concretização de um importante investimento que referencia a ilha Graciosa no plano regional e nacional, e até mesmo no plano internacional.
A Furna do Enxofre foi, justamente, um dos lugares seleccionados para a votação final das “Sete Maravilhas de Portugal”, entre centenas de outras candidaturas, pela sua beleza e peculiaridade. Estamos perante um ambiente único e um sítio que reúne valores que o tornam especial no contexto da geologia do Atlântico.
A sua valorização e bom uso ganham nova dimensão com esta obra do Centro de Visitantes, cujo arrojo construtivo e cuja qualidade estão à vista, e que implicou um investimento do Governo Regional de perto de setecentos mil euros.
Não podia ser, aliás, de outro modo. A ilha Graciosa, sendo uma das Reservas da Biosfera dos Açores – um exigente título atribuído pela UNESCO – convoca-nos para uma atenção constante às implicações atinentes à salvaguarda da qualidade ambiental, ao estrito respeito pelos valores da geodiversidade, da biodiversidade e ao equilíbrio paisagístico e estético que também quisemos acautelar neste pequeno e sensível cenário natural.
Fica construída e capacitada uma estrutura que, a partir de hoje, dará aos visitantes informações sobre o vulcanismo na Graciosa. Quem aqui chega tem acesso a um edifício concebido especificamente para a explicação do fenómeno vulcânico, com uma esclarecedora exposição e o recurso às tecnologias multimédia para descobrir a Furna do Enxofre e a Caldeira, bem como a Graciosa e os Açores em geral.
É mais um ponto de atracção que concitará a atracção não só dos turistas como, inclusivamente, de muitos interessados no vulcanismo e na espeleologia.
Por outro lado, é desde agora possível visitar a Furna do Enxofre sem descer ao seu interior, podendo aqui obter-se indicações remotas sobre as condições do aparelho vulcânico que, em certas ocasiões, limitam a sua visitação in loco. A concentração, por vezes excessiva, de dióxido e de monóxido de carbono, inimigos do sucesso turístico deste local, são agora esbatidos com a existência deste novo espaço que adopta igualmente essa função alternativa.
Decorrendo o Ano Internacional da Biodiversidade em 2010, e reportando-nos hoje à ilha Graciosa, não poderia deixar de destacar o recente reconhecimento internacional, como espécie endémica, da população de painho-das-tempestades do Ilhéu da Praia. Este reconhecimento culmina um importante legado científico que o doutor Luís Monteiro, investigador prematuramente desaparecido da Universidade dos Açores, nos deixou. O agora painho-de-Monteiro é uma prova da competência da investigação feita nos Açores, acarretando, porém, uma nova responsabilidade de gestão. Esta ave junta-se à lista das 450 espécies que apenas podem ser vistas, no seu contexto natural, por quem visitar o arquipélago dos Açores. Para além do óbvio valor deste tipo de investigação e gestão para a conservação da biodiversidade açoriana, é importante que todos tenhamos consciência que é do somatório de todas estas circunstâncias estruturantes que se constrói a imagem e a realidade de uma região apropriada ao desenvolvimento de modalidades de recepção turística como a reportada aos fluxos que apreciam a natureza protegida. A Graciosa insere-se, desse modo, nessa oferta, e qualifica-se progressivamente.
Outro exemplo dessa salvaguarda é a preocupação e o investimento do Governo na gestão de resíduos que temos em execução na Graciosa, integrado no respectivo plano regional, prevendo-se que o Centro de Resíduos desta ilha – um investimento de seis milhões de euros – fique concluído no final do corrente ano. Resíduos recicláveis ou indiferenciados partirão da Graciosa, para destinos que justifiquem a sua reciclagem ou valorização, e os orgânicos serão transformados em composto utilizável para fins agrícolas e outros. Numa acção destinada a que esta transição ocorra adequadamente, o Governo está a preparar, em cooperação com a Câmara Municipal, uma grande campanha para alteração de comportamentos individuais em matéria de selecção de resíduos.
O problema dos resíduos é, certamente, um dos maiores desafios ambientais das nossas ilhas, competindo-nos por termo às lixeiras e aterros sanitários com graves problemas de funcionamento e introduzir um sistema moderno e sustentado de gestão à escala regional. Assumimos este desígnio como um dos mais relevantes da acção do Governo neste seu mandato, e estamos neste momento a trabalhar quer nos investimentos em algumas ilhas semelhantes ao que aqui se está a fazer, quer nos aspectos relativos ao tratamento final e, ainda, na garantia do financiamento dos investimentos iniciais necessários e da sua gestão e manutenção futuras. Essa é uma das orientações de estabelecimento de prioridades que já transmiti à Secretaria Regional do Ambiente e do Mar.
Aqui, junto à maior cúpula vulcânica da Europa, celebramos a conclusão com sucesso de mais um investimento que valoriza o nosso património natural. Estamos, pois, todos de parabéns: os graciosenses pelo bem que possuem, os Açores pela referência que valorizam e o Governo pela realização desta obra.
Obrigado.”
GaCS/CT
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